sábado, 7 de junho de 2014

A fragilidade das relações humanas



Sociólogo polonês preocupado em compreender a sociedade pós-moderna, Zygmunt Bauman, 87 anos, autor de vários livros em que explica as relações sociais na contemporaneidade.

Por Carla França

Vivemos no tempo da instantaneidade. Onde tudo que poderia ser duradouro – relacionamentos, amizades, projetos de vida – desfaz-se em questão de dias, minutos e cliques. Diante dessas mudanças repentinas passamos a consumir e descartar  objetos e pessoas como nunca antes na história.
Dessas observações nasceu o conceito de "modernidade líquida", criado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, de 88 anos, para definir a contemporaneidade e nos fazer pensar sobre a fragilidade das relações humanas.  E ao denunciar essas fragilidade, o sociólogo nos mostra a supervalorização do "eu" em detrimento do sentido de coletividade.

“Quando eu era jovem, um nunca tive o conceito de  ‘redes’. Eu tinha o conceito de laços humanos, de comunidades, esse tipo de coisa, mas não redes. A comunidade precede você. Você nasce numa comunidade. Por outro lado, temos a rede. Ao contrário da comunidade, a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes. Uma é conectar e a outra é desconectar”, disse Bauman durante uma entrevista concedida para o Fronteiras do Pensamento - uma série de palestras ministradas por grandes nomes do pensamento contemporâneo. (Saiba mais sobre o projeto clicando em http://www.fronteirasdopensamento.com.br/).

Segundo polonês Zygmunt Bauman, a atratividade desse novo tipo de relacionamento  -independente se amoros, amizade - está exatamente facilidade de desconectar. É fácil conectar, fazer amigos. Mas o maior atrativo é a facilidade de se desconectar. “Então, romper relações é sempre um evento muito traumático. Você tem que encontrar desculpas, você tem que explicar, você tem que mentir com frequência e, mesmo assim, você não se sente seguro porque seu parceiro diz que você não tem direitos, que você é um porco etc. É difícil, mas na internet é tão fácil, você só pressiona delete e pronto”, disse o sociólogo.

Na opinião de Bauman , a humanidade multiplicou as conexões, as relações, as interdependências, as comunicações, espalhadas por todo o mundo. “Só que quantidade não equivale a qualidade. Se intensificamos as ligações entre as pessoas e as nações, isso não significa que essas pontes sejam robustas, muito menos longevas”.

MULTIMÍDIA
Veja AQUI  uma entrevista  entrevista exclusiva concedida a Fernando Schüler e Mário Mazzilli na Inglaterra onde Zygmunt Bauman , reflete sobre a individualização da sociedade contemporânea. Democracia, laços sociais, comunidade, rede, pós-modernidade, dentre outros tópicos analisados por uma das grandes mentes da contemporaneidade. 

QUEM É...

Zygmunt Bauman
Sociólogo polonês, iniciou sua carreira na Universidade de Varsóvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logo em seguida emigrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da Universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Responsável por uma prodigiosa produção intelectual, recebeu os prêmios Amalfi (em 1989, por sua obra Modernidade e Holocausto) e Adorno (em 1998, pelo conjunto de sua obra). Atualmente é professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.
Quer conhecer um pouco mais sobre a obra de um dos mais influente sociólogos do mundo?  Acesse AQUI as sinopses de livros de Zygmunt Bauman.

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