Por Diogo César e Vinícius Menna
O pessoal que estuda
jornalismo se depara logo cedo com a tal da objetividade
jornalística. Sobre esse aspecto, se diz muito que objetividade é o
contrário de subjetividade, mas nem é por aí.
Tratando disso, Felipe
Pena chegou a ponderar em seu livro “Teoria do Jornalismo” que,
ao reportar fatos, é preciso saber que não se pode cultuar os
relatos como uma expressão absoluta da realidade. Quem relata tem
seus anseios, desejos, preconceitos e gostos.
É justamente por isso
que aparece a necessidade de se criar um método objetivo, ou seja,
um jeito de trabalhar que amenize influências subjetivas.
Nesse sentido, diz ele,
inclusive se formou nos jornais espaços específicos para opinião e
informação, o primeiro com uma estrutura formal argumentativa e o
segundo com uma estrutura formal narrativa. “E é claro que um
carrega traços do outro”, analisa.
Já na internet...
Bem, na internet, a
discussão da subjetividade ganha novos contornos e a mistura de uma
estrutura narrativa com a opinativa fica ainda mais evidente.
Primeiro porque nem
todo mundo que escreve um texto na web é jornalista. Assim, existe
uma tendência de que apareçam com frequência textos que não tem
como base os preceitos de apuração jornalística, que primam por
técnicas que buscam atenuar as subjetivações.
Dificilmente quem não
é jornalista se dedica da mesma forma a verificar informações que
pretende abordar com mais de uma fonte envolvida no assunto, checa e
confronta dados e busca opiniões multifacetadas de um mesmo tema.
Outro ponto é que o
ambiente de blog, por exemplo, é bem mais voltado para opiniões e
argumentos do que propriamente a informação seca e pasteurizada dos
jornais e portais de notícias. Há quem diga, inclusive jornalistas,
que nesse ambiente o ideal é provocar mesmo, dar a opinião e ver o
circo pegar fogo.
Somando a isso, há um
fato indiscutível: a linguagem da web reforça muito mais do que os
textos de mídias tradicionais os aspectos informais da fala,
buscando com isso uma aproximação com o leitor. Isso gera um efeito
de subjetividade ainda maior no texto.
Portanto, quem manda na
web é a subjetividade. E por isso que atualmente o internauta deve
fazer um trabalho parecido com o que cabia ao jornalista. É preciso
ler mais de uma fonte para entender os assuntos. Afinal, cada um
pensa de um jeito...
Por outro lado...
A
subjetividade abre espaço para a manifestação pessoal, o
pluralismo e a divulgação de opiniões. Apesar de ser interessante
que o jornalista busque a tal objetividade, se utilizando da
subjetividade, o cidadão ganha voz e é estimulado a dar vazão a um
posicionamento crítico.
Sendo
a web um espaço democrático, cada um que está nela pode valorizar
sua opinião e passa a ter sua validade como testemunha, ampliando
pontos de vista e abordagens no ambiente da cibercultura.
Nesse
aspecto, o texto subjetivo coexiste, de maneira participativa, e
alimenta interatividade dos textos na web.
Ou seja...
A
web é democrática, ampla e permeada da subjetividade. Para o bem e
para o mal, ela está aí e é preciso estar atento: com ela você
pode ter mil e um discursos e as discussões podem ser enriquecidas,
mas ao mesmo tempo há que se ter um pé atrás, já que nem tudo é
verificável. Sendo assim, fica cada vez mais evidente que consultar
diversas fontes é o melhor caminho para entender o mundo ao redor.
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